Os sapatos dos outros [e os meus]


Ganhei o hábito, há algum tempo, de ver a minha vida relativizando-a perante a realidade dos outros.
Não como forma de comparação, inveja ou crítica, mas acima de tudo para perceber que, por vezes, a energia negativa que atribuo ao que me acontece é desnecessária, quando à minha volta há realidades muito mais graves e complicadas.
Mudo a perspectiva, colocando-me no lugar do outro, que é como quem diz 'calçar os sapatos do outro'.
E descubro que há 'sapatos gastos', muito usados mas estimados pelos seus proprietários, pois muitas vezes são os únicos que os protegem do frio e da chuva. E 'sapatos ergonómicos', feitos para permitir caminhar com conforto, a quem a saúde tirou essa possibilidade.
Vejo 'sapatos que não são do meu tamanho', e por isso não me pertencem, mas que posso admirar e desejar que sirvam o propósito a quem calce aquele número. E 'sapatos que não se adequam à minha vida', cujo modelo não me deixe confortável ou me magoe, e não seja um prolongamento da minha forma de estar na vida.
Percebo que 'sapatos em 2ª mão' são difíceis de se tornarem os meus sapatos preferidos, pois já estão feitos ao molde de pé do utilizador anterior. E que ter 'sapatos novos' pode significar ter de fazer uma mudança na minha vida.
Acima de tudo percebo que tenho de estimar 'os sapatos que escolhi', a dizer sim ao que realmente é importante e me faz feliz [e já agora que me permitam dar passos certos e firmes!].


Não sei andar de bicicleta 🚲
[ foto: Dickens Sikazwe, Unsplash]

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