Uma geração de sorte 🍀


Que sorte tens, miúda.
Por teres nascido e viveres nos dias onde podes ser o que quiseres, vestir o que quiseres, ler o que quiseres, ir onde até onde quiseres. Em que vais poder estudar numa universidade, trabalhar e receber um salário, votar e ter um cargo político, comprar a tua casa, usar contraceptivos e ter a opção de abortar, se assim o desejares.
Nem sempre foi assim para as mulheres. Lembro-me da minha avó materna me contar que para ir a Espanha tinha de pedir autorização por escrito ao meu avô, mas que valia a pena pois poderia desfrutar a sua Coca-Cola numa esplanada ao sol de Badajoz. Hoje parece só uma história divertida [e ela contava-a assim mesmo, com um sorriso de conquista], mas ilustra como era ser mulher há cerca de cem anos atrás.
Um centenário em que tantos direitos as mulheres adquiriram. E, apesar de ser um passado recente, é hoje em dia inimaginável que não pudesses pensar pela tua cabeça, tomar as tuas decisões e concretizares os teus sonhos sem depender de uma autorização masculina ou de apenas nem os poder considerar pelo facto de teres nascido mulher.
E mesmo que já tenham passado quatro gerações de mulheres - a tua, a minha, a da minha mãe e da minha avó - há ainda muito a fazer. Num aspecto mais global, ainda existem países, culturas e religiões onde as mulheres ainda não adquiriram estes direitos - mas o caminho para a mudança de mentalidade está a ser trilhado, para que a igualdade de géneros seja uma realidade num futuro próximo [ou na próxima geração].
Hoje, tu tens um papel muito importante - tal como a tua bisavó teve na sua geração: lutar pela continuidade do feminismo e de fazer com que a igualdade entre géneros seja a normalidade. Que os homens que se cruzem contigo te respeitem (como tu os respeitas), dêem crédito à tua opinião (como tu dás às deles), te atribuam um salário justo e possas ter oportunidades de trabalho iguais às deles. E que te olhem de igual para igual, estando ao teu lado. O teu irmão, os teus primos, os teus amigos e colegas são os primeiros com quem deves fazer valer os teus direitos de mulher.
Porque, miúda, também eles têm sorte de ter nascido e viver nestes dias onde as mulheres podem pensar e decidir o que quiserem ser.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Miguel Bruna, Unsplash]

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