Viajar com adolescentes ✈ Destino Barcelona

Terminou há uma semana mais uma viagem, de mãe e dois filhos adolescentes - de 17 e 14 anos -, desta vez à cidade espanhola de Barcelona.

Aqui ficam algumas dicas práticas para melhor usufruir deste destino e nosso roteiro de quatro dias pela capital da Catalunha [penso que é politicamente correto dizê-lo], em que nos encantamos por esta lindíssima cidade. Barcelona m'encanta♡

Dia 1

O nosso voo na TAP estava agendado para meio da manhã e optámos novamente por deixar o carro nos parques de estacionamento do aeroporto de Lisboa. Estou completamente rendida a este serviço - como é que só agora o descobri ?!? - e desta vez deixamos o carro no P3, mais próximo do terminal das chegadas e basicamente com a mesma distância do terminal das partidas [com a sorte de, como o P5 estava esgotado, terem feito o upgrade do estacionamento pelo mesmo valor]. Para os quatro dias ficou em 20€. Uma dica: reservem com antecedência este serviço, pois esgota com facilidade. Recomendo duas a três semanas.
A viagem de avião correu lindamente e sem sobressaltos e nem chega a duas horas, pelo que passa num instante. 

No aeroporto de Barcelona El-Prat apanhamos o autocarro Aerobus no Terminal 1 que nos levou em menos de 30 minutos à Praça da Catalunha. Da zona das chegadas ao local de onde partem os autocarros são 5 minutos a pé (o percurso está devidamente assinalado, sendo que é preciso descer as escadas rolantes para o piso térreo) e os autocarros estão sempre a sair (de 5 em 5 minutos) e os bilhetes (5,90€ por pessoa) podem ser comprados nos quiosques, na fila de acesso para o autocarro ou diretamente ao motorista. Muito rápido, cómodo e em conta para ficarmos logo no centro da cidade e numa zona com transportes públicos para diferentes destinos.

Como chegamos ao final da manhã, optámos por ir diretamente para o hostel. Esta foi uma das novidades desta viagem: o alojamento em Barcelona não é propriamente em conta e, considerando que queríamos ficar numa zona central e que precisávamos de um quarto triplo, surgiu a hipótese de ficarmos no Generator Barcelona, uma rede de hostels pela Europa. Só posso dizer que adorámos! O ambiente é super descontraído, muitos grupos de jovens e famílias, uma decoração super alegre e moderna, uma sala de jogos que fez o delírio dos miúdos, quartos modernos e confortáveis (no nosso caso, um quarto privado), com rede wi-fi em todo o espaço e -  importante para mim - não tive de fazer o pagamento no momento da reserva, mas apenas no momento do check-in [para quem tem de gerir orçamento de viagem, este aspeto é muito importante!]

A localização deste hostel revelou-se perfeita: fica no Bairro de Gàrcia - um bairro tradicional, com cafés e restaurantes modernos e atuais, com movimento de manhã à noite -, numa rua paralela à avenida Diagonal - que atravessa a cidade de Barcelona -, no cruzamento com o Passeig de Gárcia, com paragens de metro e acesso a pé a alguns pontos de interesse de Barcelona, como a Sagrada Família e a La Pedrera.

Da Praça da Catalunha onde tínhamos ficado vindos do aeroporto até ao Generator apanhamos o metro, pela L3 até à paragem Diagonal, que fica a 8 minutos a pé do hostel. Para o metro (e depois descobrimos que também para o autocarro que apanhamos no dia 2), optámos por comprar o bilhete com 10 viagens, que tem um custo de 10,20€ cada, e que foi suficiente para os quatro dias. A cidade, apesar de se fazer bem a pé, nomeadamente na zona central, tem um excelente rede de transportes, que utilizámos frequentemente pois estávamos condicionados pelo facto da miúda andar de muletas.
Almoçámos num dos cafés próximo do hostel e partimos à descoberta da cidade, rumando ao centro histórico.
A primeira paragem foi a Basílica de Santa Maria do Mar, cuja magnífica história foi descrita no livro A Catedral do Mar, de Idelfonso Falcones. Fiquei maravilhada! A dureza da pedra, mais decorativa do lado exterior e muito simples no interior, deixando que a imagem da Santa Maria do Mar, os símbolos ligados ao mar e os vitrais coloridos tenham um lugar de destaque. 
A poucos metros deste local visitamos a Praça do Rei, embrenhado-nos depois no Born e no Bairro Gótico, com as suas ruelas, com vida e tradição, para depois nos rendermos à beleza da Catedral de Barcelona. Não chegamos a entrar pois já tinha encerrado, mas a beleza exterior do edifício,a fachada e as torres, merece a visita. Na praça em frente muita animação de rua e um mercado de artigos tradicionais. Para completar a visita aos três principais ícones da arquitetura gótica e símbolos da prosperidade, fortaleza e sensibilidade artística da cidade de Barcelona no século XIV, visitámos ainda a Basílica de Santa Maria del Pi. Quer o interior quer o exterior menos ornamentadas que as anteriores, mas igualmente mística e muito bonita.
O destino final deste dia foi a famosa avenida desta cidade - Las Ramblas -, com a sua agitação habitual, com destaque para a pintura de Joan Miró no chão, e onde existem diversas alternativas para um fantástico jantar de tapas catalãs. 

Dia 2
Para esta manhã tínhamos agendado duas visitas: o Parque Güell e o Templo Expiatório da Sagrada Família [para estes dois locais, e outros dois que visitamos no dia 3, optámos por comprar previamente os bilhetes, para não arriscar chegar ter de esperar para entrar ou não ter entradas disponíveis - pois funcionam por horários. Links para compra de bilhetes abaixo].
O Parque Güell fica distante da zona central de Barcelona, mas o autocarro (24) que nos levava até lá tem uma paragem na Diagonal, bem próximo do hostel - mais um ponto a favor! - que nos levou até à porta, num percurso que durou 25 minutos.
Este parque é um enorme jardim arquitetado por Antoni Guadí e representa todo o seu esplendor artístico, com recantos imaginários, cheios de cor, materiais e formas deslumbrantes. Juntando a tudo isto, uma vista excepcional sobre a cidade. Simplesmente espetacular!
Os bilhetes para o Parque Güell custaram 7,50€ por pessoa.
Para esta visita reservamos uma hora e depois rumamos - novamente de autocarro (92) - até ao Templo Expiatório da Sagrada Família. Este templo católico retrata o expoente máximo da arquitetura modernista da Catalunha e Antoni Gaudí dedicou-lhe 40 anos da sua vida. O exterior, nas suas três fachadas tão diferentes - e que presentam a sua interpretação das Escrituras -, e o seu interior, com a luz a entrar pelos vitrais, as colunas em forma de troncos e ramos de árvores, a simplicidade do altar e das figuras religiosas - com todos os detalhes com um significado próprio. Ainda está em fase de construção, estando a sua finalização está prevista para 2026, ano em que se celebrará o 100º aniversário da morte deste génio. Recomendo o audioguia (incluído no preço de bilhete) e infelizmente não fizemos a subida a uma das torres, por questões atmosféricas, mas deve ser uma experiência a realizar. Se só tiverem a oportunidade de visitar um local na cidade, este tem de ser a escolha!
Para visitar a Sagrada Família, incluindo o acesso à Torre da fachada Paixão, os bilhetes custaram 29€ (adulto) e 27€ (adolescentes). Uma entrada básica, sem audioguia, custa 15€ (adulto) e 13€ (adolescentes). Com audioguia são mais 7€ cada.
Em seguida visitamos o Recinto Modernista de Sant Pau (a 15 minutos a pé do Templo Exploratório da Sagrada Família), que em 2014 abriu as suas portas para ser visitado e por isso ainda é pouco conhecido dos turistas. Este edifício foi construído para ser uma cidade-jardim para pessoas doentes, idealizado por Lluís Domènech i Montaner - professor de Antoni Gaudi - e é uma viagem pela história e pela arte modernista.
Como ponto obrigatório nas viagens com adolescentes, a ida ao Hard Rock Cafe de Barcelona foi o nosso próximo destino. Situado na Praça da Catalunha permitiu-nos regressar ao Bairro Gótico para mais um passeio pelas suas ruas, com uma breve passagem no Grande Teatro do Liceu, a casa da ópera e de outros espetáculos desta cidade,e ida ao Mercado La Boqueiria, nas Ramblas, para sentir o sabor, cheiros e cores da gastronomia catalã.

Dia 3
Com um pequeno almoço nas imediações do hostel, ganhámos energia para mais um dia de descoberta desta maravilhosa cidade. O plano do dia começava com dois destinos: a Casa Milà - La Pedrera e a Casa Batlló.
À distancia de dez minutos a pé, a Casa Milà - La Pedrera é um edifício de habitação que privilegia as formas curvas, desde a fachada ao terraço, e é uma viagem pela genialidade de Antoni Gaudi, não apenas no edifício mas também no seu espólio, como mobiliário, o seu método de trabalho e a história da sua vida. Do terraço tem-se uma visão 360º da cidade de Barcelona e nos diferentes pisos todos os detalhes atraem-nos, pela excentricidade mas também pela estética e beleza.
Os bilhetes foram comprados online, e custaram 22€ (adulto) e 16,50€ (adolescentes). Tem cacifos para deixar mochilas e outros pertences que recomendo para melhor usufruir da visita, com uma duração aproximada de uma hora e meia.
A Casa Batlló, dois quarteirões abaixo do Passeig de Gàrcia - uma elegante e moderna avenida, com lojas fascinantes e excelentes restaurantes - é igualmente da autoria de Antoni Gaudi e é igualmente deslumbrante. Mais pequena, mas com idêntica ostentação, esta visita é acompanhada de uma componente virtual (integrada com o audio guia), que nos permite através de um telemóvel ver a casa tal como ela foi idealizada. Uma aposta ganha na ligação entre o virtual e o real. Os miúdos adoraram!
Talvez tenha sido o local para onde valeu bem a pena comprar entradas com antecedência, pois a fila era enorme - a nossa visita iniciou-se 30 minutos mais tarde que a hora prevista - e custaram cada um menos 4€ caso fossem comprados na entrada. Os valores dos bilhetes foram 24,50€ (adulto) e 22,50€ (adolescentes).
Com tempo para desfrutar, seguimos até ao Arco do Triunfo - só para juntar à coleção do Arco da Rua Augusta e do Arco do Triunfo de Paris. É igualmente imponente e um marco a visitar na cidade [vamos criar um tendência de destino de viagens e "coleccionar" Arcos do Triunfo em várias cidades do mundo?]
Talvez a melhor surpresa desta viagem - até porque não estava programada - foi a visita ao Palácio da Música Catalã. Da autoria de Lluís Domènech i Montaner e casa do Coro Catalão, todo o edifício é encantador: os vitrais, a peças em cerâmica, a decoração das paredes, as escadas, as colunas, o palco. A forma como a luz entra na sala através de um vitral no tecto, como a música vibra, a decoração do palco, a presença do símbolo da cidade - a rosa - e a história do patrono o de Barcelona - Sant Jordi - estão divinamente presentes... Para descrever o que é este espaço, apenas me lembro da descrição de um bailarino, que dizia que naquele palco se sentia como se estivesse dentro de uma caixa de música. Arrebatador!
Há visitas de 30 em 30 minutos em catalão, castelhano, francês, italiano e inglês. A visita dura cerca de uma hora e inicia-se na cafetaria do palácio, que por si só merece uma visita. Os bilhetes foram comprados à entrada - 20€ (adulto) e 11€ (adolescentes) - mas na compra online com 21 de antecedência têm uma redução de 4€ cada.

Dia 4
Adéu Barcelona!
Este foi o nosso último dia em Barcelona e, dado estar a chover, deixamos de parte os planos de dar mais uma volta pelas lojas do Bairro Gótico - gostámos mesmo! - antes de ir até ao aeroporto. Aproveitamos para desfrutar o hostel e fazer tudo com mais tempo - também é preciso 😉
A viagem de regresso pela TAP correu bem e chegámos a Lisboa durante a tarde, já com vontade de voltar.

Uma amiga tinha-me avisado: "vais apaixonar-te por Barcelona". E foi o que aconteceu: foi amor à primeira vista! É uma cidade com uma energia que me encantou e que espero poder regressar mais vezes, para rever os locais onde estive nesta viagem e para visitar os que ficaram por ver, como o Montjuic e o Tibidabo. Pela movida da cidade, também a achei atrativa para os jovens, com detalhes de história e arte, que misturam de forma positiva o passado e o presente.
Foi mais uma viagem para criar memórias felizes, em que adorámos cada minuto destes dias ♡.


Não sei andar de bicicleta 🚲