Do desamor ao amor-próprio


Desamar. Um verbo que ninguém quer conjugar. Não por sermos o sujeito da frase ou por estar no futuro imperfeito do indicativo, mas porque acima de tudo não o queremos sentir.

Deixamos de amar aos poucos. O amor morre quando se deixa de gostar de estar com o outro, de ouvir a sua voz. O olhar já não se cruza e deixa de haver  diálogo. Desaparece o afeto e os gestos de carinho. As pequenas manifestações de amor do dia-a-dia dão lugar à agressão, ao esquecimento, ao abandono.

O fim do amor não acontece da noite para o dia. Não é um momento. Não tem data e hora marcada. É um caminho, lento, doloroso. É um intervalo na vida. Um mergulho bem profundo. Um atalho por um caminho desconhecido, que obriga a andar às voltas perdido, até encontrar um novo rumo. Uma fase que rasga por dentro, revolve as entranhas, e que vai buscar não sei bem onde uma força, uma determinação que reconstrói. Momentos de profunda tristeza e muitas lágrimas, que se transformam num calmante para a dor e iluminam para seguir em frente [mesmo que a direção não esteja definida]. Um processo que requer paciência, tenacidade e coragem. Um percurso que tem de ser feito, necessariamente, a sós.

Um processo para fortalecer o amor-próprio. O motor para uma nova fase. Um novo Eu. Não a mesma pessoa, pois o fim do amor é apenas um capítulo de uma história que acaba. Que pode ser arrumado numa caixa no sótão, mas que tem momentos felizes, com experiências que nos fizeram melhores e aquilo que hoje somos. Mas as páginas em branco dos próximos capítulos serão escritas com um novo entusiasmo por viver, pela liberdade e recuperando o respeito por nós próprios.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Connor Wells, Unsplash]

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Portas de segurança

Viajar com adolescentes ✈ Destino Barcelona

Viajar com adolescentes ✈ Destino Paris

Viajar com adolescentes ✈ Destino Amesterdão