A vida dos meus filhos numa mochila


Sempre fui uma mãe-galinha e quando tomei a decisão de me separar, a primeira prioridade foi (e ainda é!) o bem estar dos meus filhos. Na altura tinham 15 e 12 anos e, sendo já adolescentes, facilitou todas as alterações decorrentes daquela decisão.
A questão de ficarem comigo foi um ponto assente desde o início, até porque toda a logística (escola, explicações, atividades extra-escola, amigos, etc) estaria muito mais facilitada. "Por regra" estão com o pai em fins de semana alternados e jantam durante a semana, mas acaba por haver um livre-trânsito quando surge a oportunidade de um programa extra.
Dito assim parece simples, mas na minha opinião a vida de filhos de pais separados não tem nada de fácil. Mudar radicalmente a realidade familiar que conheceram toda a sua vida, ter sempre os pais presentes nos momentos especiais da sua vida, que lhes passam os seus valores, contam as histórias da família, que têm sempre uma palavra de carinho na altura certa, que os ouvem e os aconselham. Claro que não deixam de ter nada disto, mas acaba por ser necessariamente de uma maneira diferente.
Passam a ter duas casas, dois quartos, dois armários de roupa, duas escovas de dentes, duas canecas preferidas... tudo em dose dupla.
Ter sempre uma mochila meia cheia para andar a saltar entre a casa da mãe e a casa do pai, acaba por ser um hábito que adquirem num abrir e fechar de olhos.
Para ajudar (not), nestas idades em que eles são o seu próprio mundo e estão a consolidar a sua personalidade, tem tudo para correr menos bem.
Tento por-me no lugar deles e percebo o caminho que percorreram nestes dois anos. São uns valentes! Tudo mudou, mas eles aguentaram-se. Adaptaram-se a esta nova forma de vida, aceitando-a e tentam tirar o melhor partido dela. Estão mais unidos que nunca, ajudam-se e estão felizes. Acho que posso dizer: prova superada!

Não sei andar de bicicleta 🚲

[foto: Charlie Solorzano, Unsplash]

Comentários

  1. Estarem felizes é essencial! Ainda bem que o são!
    O meu marido é treinador e normalmente os miúdos das esquipas dele são de pais separados pelo que nos leva a crer que esta realidade acaba por ser quase normal nos dias de hoje. Quantas mulheres ficaram presas a um casamento em que não eram felizes?
    Felizmente isso mudou e há maneiras de os miúdos se sentirem bem na mesma.

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    Respostas
    1. Quando aconteceu comigo não tinha a noção que era tão normal, pois no meu círculo de amigos e família não tinha "vivido" nenhuma situação idêntica. Mas sim, também aprendi que é uma situação mais regular.
      A prioridade têm que ser os filhos e por isso acho que também ajudou a que tudo tenha sido tão bem superado!
      um beijinho

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