Transformar o medo em ação


Tenho medo, muito medo. Talvez seja uma das coisas que mais tema na vida.
Mais que um acidente de carro, um tremor de terra ou uma queda.

Tenho medo e não tenho a mínima ideia o que será passar por este processo.
Receber a notícia, tomar consciência da gravidade.
O que fazer a seguir, e depois. Quais as opções. O tratamento, a recuperação.
Os altos e baixos. As emoções à flor da pele.
Ter pedir ajuda. Ficar dependente.
Ver quem nos rodeia, amigos e família, preocupados connosco.
Sentir a degradação do corpo, perceber que progride ou regride.
Ficar cansada, extenuada.

Tenho medo. Pavor, até.
De saber que podia, com pequenos gestos e atitudes, ter evitado esta doença silenciosa.
Que bom seria termos nascido com um sistema alerta, como os automóveis modernos, que acendem uma luz a avisar do perigo. Antes de ser mesmo perigoso.
Por questões hereditárias ou outras do foro biológico, há quem tenha já um conjunto de luzinhas extra, na esperança de ser o primeiro a quebrar a corrente.

Tenho medo de ter cancro.
A intensidade do que sinto talvez seja uma ínfima parte da força que qualquer ser humano tem de ter para acreditar na sua cura. Em viver.
E, pelo respeito que temos de ter por quem já passou por este processo e com força e coragem o conseguiu ultrapassar, preocupo-me em fazer exames, estar atenta às mudanças do corpo, saber ouvi-lo e observá-lo. Evito comportamentos de risco, mesmo que o que me apeteça é fazer o contrário.
Faço disso uma prioridade. Por mim. Por quem já se curou. Por quem está em recuperação. Por quem acompanhou alguém. Por quem perdeu alguém.


Não sei andar de bicicleta 🚲

[foto Marcel Leal, Unsplash]

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