A vida no digital: regras para todos


Não há como evitar. O digital faz parte da vida dos adolescentes. Ou melhor, quero crer que as redes sociais existem porque há adolescentes. São eles os grandes responsáveis pelo tráfego de algumas e outras apenas têm mais ou menos sucesso se passar a ser "obrigatório" estar presente.

Sim, são nativos digitais e o mundo que conhecem sempre foi assim. Os pais tentam acompanhar, interessam-se pelas tecnologias, trazem-nas para o seu dia a dia e usam-nas para estarem mais próximos e mais presentes. Facebook, youtube, instagram, whatsapp, messenger, pinterestsnapchat, twitter, musical.ly. Nem sei se esta lista é a mais atualizada... tudo muda a uma velocidade estonteante.

Com os meus filhos tenho sorte. Apesar de ter protelado a sua entrada nas redes sociais até aos 13 anos - quando todos os amigos já tinham perfis sofisticadíssimos e a exigência de estar presente (por eles) já se impunha há muito -, assumimos um compromisso mútuo de transparência e acompanhamento do que ali partilham."O que mostras de ti ali é o que tu és" foi o ponto de partida e, tirando algumas situações em que acho que também devem ter alguma privacidade - que é aceitável no caso dele, porque entretanto está mais velho -, temos respeitado este princípio. Verdade seja dita que o meu objetivo nunca foi controlar, criticar ou entrar em diálogo com os amigos, nem tão pouco limitar a sua liberdade, mas sim estimular a sua responsabilidade e sentido crítico sobre o que expomos de nós próprios e alertar para todos os perigos inerentes.

Mas também tive de me impor algumas regras para que esta convivência fosse pacífica e que se resumem a três pontos:
1. Este não é o meu mundo, é o deles. Como já referi, as redes sociais fazem parte do universo dos adolescentes, não dos adultos. Por muito que achemos que tudo isto nos torna mais jovens, nós não pertencemos aqui, somos só um intruso. Por isso, todas as vezes em que tenho o impulso de identificá-los ou fazer um comentário, penso duas (ou três, ou quatro) vezes antes de o fazer - ou se realmente o devo fazer.
2. A seleção de fotos. Ui, este é um assunto sério. Publicar uma foto de um adolescente no perfil de um adulto precisa de uma autorização máxima. Eles dominam melhor a técnica de enquadramento, filtros e o que está in e out. Mais uma vez, por muito orgulhosa que esteja e que o queira dizer ao mundo, nunca o faço sem ter a certeza que a linha do respeito está a ser ultrapassada. E já recebi alguns "não!".
3. Mensagens privadas. Este é o canal privilegiado quando queremos comentar ou partilhar um post com um adolescente ou enviar uma mensagem que nós achamos que tem graça. Se é nas redes sociais que eles passam grande parte do seu tempo, é também aqui que se torna mais natural abordar alguns assuntos, mas sempre sem os expor.

O domínio deles é total. Bloqueiam-me temporariamente o acesso a alguns posts. Usam redes que eu nem sequer sonho que existem. Estão sempre em cima das novidades e por vezes são eles que me ensinam a usar a nova funcionalidade ou a atualização 5.2 da app. Vou sendo permissiva q.b. e, como mãe-helicóptero, vou voando em círculos sem deixar de cuidar do alvo.

O equilíbrio, sempre o equilíbrio. E acima de tudo, mais do que impor e estabelecer as regras para os filhos, os pais também as devem colocar em prática e assumir que o respeito é a resposta para uma relação de confiança.

Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto: Gaelle Marcel, Unsplash]

Comentários

  1. Eu que era dada as tecnologias às vezes sinto-me muito ultrapassada pelos miúdos de 12 anos! :(

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  2. Verdade, e como isso tudo é assustador... um mundo onde já não se pode só espreitar na janela para se ver onde estão...

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    Respostas
    1. Mais do que os perigos inerentes a que todos estamos sujeitos nas redes sociais - que acho que fazem parte das "regras do jogo" -, o meu texto tem mais a ver o respeito que devemos ter quando partilhamos ou interagimos com os outros (neste caso, referindo-me a adolescentes). Se fosse uma prática corrente, no mundo digital e no real, tudo seria bem melhor! Um beijinho

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