Estar sozinho não é ser solitário


Está socialmente convencionado que a vida obedece a um percurso que deve respeitar determinados passos. Como se fosse uma escada que nos guia rumo à felicidade. O primeiro degrau será tirar um curso, o segundo ter um emprego, depois comprar uma casa e um carro, a ainda casar e ter uma família, com filhos. Era bom que fosse assim tão simples e que estes degraus - por esta ordem ou outra - sejam assim tão simples de alcançar, manter e que nos tragam o estado pleno de felicidade que todos ambicionamos.

No caso das relações pessoais, a vida prega-nos partidas e, quer seja o que a sociedade dita como a "norma" quer seja o que idealizamos para a nossa vida, nem sempre o casamento é sinónimo de felicidade. Esse foi o meu caso e acredito que não seja o único.

No dia em que decidi que não queria continuar a viver com a pessoa com quem partilhei 16 anos da minha vida, não me assustei com o facto de ficar sozinha. Claro que ter dois filhos foi determinante, mas também foi a minha vontade de preencher essa solidão que me fez desconhecer esse sentimento negativo. Aprendi a gostar de estar comigo, de valorizar os momentos em que não estou com ninguém e a adorar ficar sozinha.

Vejo-o com algo bom. Ajuda-me a seleccionar melhor com quem quero estar, a ser melhor amiga (e melhor mãe), a querer fazer coisas novas e que desafiem a minha mente, a ter tempo para refletir, a conhecer-me melhor, a acreditar mais em mim, a valorizar cada minuto e a ser honesta comigo própria.

Estar sozinha não significa estar infeliz, não é estar triste e solitário. Desfrutamos da nossa companhia. Gostamos de estar sozinhos, de querer e ser sozinho. Descobrimos que, em vez de procurar o amor nos outros, ele está em nós.

É um tempo para nos valorizarmos, nos amarmos, nos cuidarmos.
Acreditar que há um tempo para tudo. E se alguém aparecer, vai ser alguém que vale a pena.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Brooke Cagle, Unsplash]

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