Pausa para férias ☀


Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. 
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. 
Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!
O Princepezinho (Le Petit Prince), de Saint Exupéry

Todos temos aquela fase do countdown até ao dia em que começamos as desejadas férias de verão. Andamos com um nervoso miudinho bom. O nosso sorriso é mais rasgado e o coração anda acelerado. Queremos que o tempo passe depressa, para que possamos finalmente desfrutar do merecido descanso, do tempo em família, da diversão com os amigos, de concretizar os planos feitos.
Começam os dias dos passeios, das gargalhadas, de acordar sem despertador, das refeições fora de horas, de apanhar sol e ficar bronzeada, dos mergulhos na piscina, dos petiscos e dos gelados, das conversas intermináveis, do pôr-do-sol na praia, de apanhar um avião, de conhecer novos locais, fazer novos amigos ou para rever os amigos de sempre. Momentos em que gostávamos que o tempo ficasse em stand by para sempre, para os saborearmos como merecem e que não tivéssemos que voltar à realidade dos "dias normais".

E esta "normalidade", para os pais separados que deixam de ter os seus filhos consigo, é como passar da velocidade 1 para a 100. Se para os filhos possa ser mais fácil encarar o prolongamento do estado de férias - mas agora com o outro progenitor -, acredito que para os pais este é o seu maior desafio depois da separação. A principal razão é porque não tinham concebido a vida dos seus filhos "em parcelas" e tentam protegê-los para que os danos colaterais desta situação os prejudique o menos possível.

Por aqui as férias de verão são assim. O entusiasmo do sol e do calor, misturado com o sal do mar e os dias sem horas, vem sempre com uma quebra, dias que queremos que fiquem entre parêntesis. Duas semanas de desconforto e silêncio, sem ouvir as suas gargalhadas, a música de bandas que nem conheço e as sessões de karaoke intermináveis, sem ténis esquecidos na sala, sem a disputa para quem põe a mesa, sem darmos as mãos, sem os beijinhos de boa noite, sem o abraço a chegar a casa, sem conversas ao jantar e programas de fim de dia.

Os dias em que os filhos estão de férias com o pai. Não que ache que não devem a acontecer, longe disso. 24h completas com o pai (ou com a mãe) durante 15 dias servem para fortalecer vínculos, criar ligação e viver momento de descoberta comum.

Dirão os "invejosos", que desejavam poder tirar uns dias sem os filhos: 'Quem me dera! Isso são quase férias! Vais poder sai com os amigos, jantar fora, ir ao cinema e não tens de te preocupar com a rotina dos miúdos. Aproveita!'. E é isso que faço! Sendo dias de trabalho, todas as horas extra são preenchidas com programas que vou deixando para trás ao longo do ano e, sim, são dias bem passados e aproveitados. Mas mesmo com a agenda social preenchida, são dias em que nos falta alguma coisa.

Regressam hoje. Com mais uns centímetros, uma mão cheia de novidades e de histórias para contar. E que as saudades que sentimos pela distância destes dias fazem com que o nosso coração se alegre e que, horas antes do esperado reencontro, o coração se inquiete e se agite para a desejada felicidade.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[Foto Nubia Navarro (nubikini), Pexels]

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