Os muros que construímos e as janelas que abrimos


Construímos uma parede. Tijolo por tijolo.
Deixamos que o "depois eu ligo" ou o "temos de combinar qualquer coisa" se esfumem e que sejam aglutinados por outras prioridades, pela rotina de velocidade desmedida.
Deixamos que o deslizar dos dedos, para cima e para baixo, no écran do telemóvel nos absorva e coloque num estado de ausência e dormência que nos anula e afasta.
Deixamos que as distâncias geográficas sejam a melhor desculpa para o esquecimento.

Muros que vão crescendo. E nem damos conta.
Não falo da seleção natural que o percurso da vida vai fazendo.
Falo de quem foi importante em momentos diferentes do nosso percurso. De quem sentimos falta da presença, do toque, do calor, da voz, das palavras, do sorriso, do olhar. De quem nos preenche, nos conhece, nos completa. De quem o destino nos trouxe e que permitimos que fizesse parte de nós, vivesse connosco, partilhasse das nossas alegrias (e das tristezas também).
E que fomos deixando que a vontade de estarmos juntos perdesse terreno, em que alguma coisa que dissemos ou fizemos ganhou força para provocar o afastamento, em que a confiança foi abalada e abriu um espaço que não temos energia (ou vontade) para preencher.

Derrubar os muros para (voltar) a abrir janelas
Não tenhamos dúvidas: manter uma amizade dá trabalho.
Requer tempo, dedicação, empenho. Mas não é isso que damos à nossa família, aos nossos empregos, aos projetos em nos envolvemos?
Ah, mas o tempo não dá para tudo! Sim, mas então não tem de ser sempre, a toda a hora, em todos os momentos.
É o silêncio, a ausência, o afastamento que nos faz perder pessoas e momentos importantes. Ficar à espera que o universo faça um truque de magia e tudo volte ao seu lugar não é a solução. Porque não começar com um telefonema adiado há muito, um café e uma conversa que ficou por combinar ou um passeio no fim de semana para surpreender aquele amigo que está mais longe?
Se essa pessoa é mesmo importante, vale a pena voltar a abrir essa janela.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Kai Oberhäuser, Unsplash]

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