Um filme com final feliz



A vida que tenho hoje não é a que eu planeei há 20, 30 anos. Nessa altura imaginava-me com um casamento como o dos meus pais, com os meus filhos a viverem comigo, com uma sucessão de momentos kodak para recordar. Mas o curso da vida gritou "corta!" na rodagem desse filme. E tive de reequacionar os planos feitos e considerar outras opções.

Não tenho amargura, nem me martirizo por estar numa situação diferente da que projetei. Pelo contrário, sempre tomei a posição de que esta nova fase não seria "ensombrada" por um novo estado civil.
Neste caminho não conhecia muitas histórias de outras mulheres (e homens) que tivessem um percurso como o meu. No meu círculo de relações mais próximo não tive referências que condicionassem a minha forma de encarar cada uma das situações e acredito que esse facto me tenha ajudado.

Hoje sinto que pertenço a uma massa. Um movimento dos unidos-separados que têm a capacidade de relatar na primeira pessoa as suas (boas) experiências. Como se mantém a relação com o pai (ou mãe) dos filhos, como se gerem os fins de semana e as férias, como se gerem os namorados(as) e os novos "irmãos". Um rol de situações que estão longe dos assuntos das famílias em formato standard e que por vezes me fazem sentir um bicho-raro quando as abordo.

Não sou de chamar a atenção sobre mim falando sobre estes temas à mesa de um jantar de amigos - para além de me tornar um grande "seca" e fazer o papel de "coitadinha" -, mas por vezes ao dar a minha opinião ou contar alguma situação do meu dia-a-dia, parece que sou um ser de outro mundo.

Coisas simples e banais para mim, provocam reações de admiração. E por vezes alguma curiosidade. Não levo a mal. Sei que o à-vontade e a confiança da nossa amizade não nos pode deixar constrangidos. E sinto que tenho o apoio e a compreensão de ser diferente mas igual, pois sei que não é o nosso estado civil que nos define, pois o que queremos, mulheres (ou homens) e mães (ou pais), é  que a nossa vida seja preenchida de momentos felizes, tal como nos filmes que vemos no cinema.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Fancycrave, Unsplash]

Comentários

  1. Amei este texto Marta! Um beijinho

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  2. Acho que o importante é sentir-mo-nos bem e estar em paz, independentemente da situação em que estamos. Claro que isto nem sempre é fácil.

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  3. Fácil não é, mas é possível alcançar a paz de que falas. um beijinho ♡

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