Viajar com adolescentes 🚄 Coimbra, Porto e Aveiro


Mochila às costas e aqui vamos nós! ðŸŽ’
Uma viagem de cinco dias para fechar o verão, com destino a três cidades em Portugal - Coimbra, Porto e Aveiro -, ligadas por comboio. Um formato fora do comum que permite desfrutar do tempo, dos locais e da viagem de uma forma diferente. Uma novidade para toda a família!
Aqui fica o nosso roteiro desta viagem e algumas dicas práticas, que nos deixou - mãe e dois filhos adolescentes - com vontade de repetir a experiência!

Dia 1
O sol ainda não tinha acordado e já rumávamos à Estação do Oriente - Lisboa, onde apanhamos o Intercidades para o primeiro destino: Coimbra.
Uma das vantagens de viajar de comboio - para além da óbvia, que é não ter de conduzir - é o rigor do cumprimento dos horários, da partida e duração da viagem. No nosso caso, tudo foi como estava previsto.
Chegados a Coimbra a meio da manhã, optámos por ir diretamente para o alojamento. Quando escolhemos o Downtown Mondego River Town 1, a dez minutos a pé da estação e na baixa da cidade, junto à Praça da Portagem, a localização foi o motivo principal: poderíamos partir dali a pé para os locais que queríamos visitar e a rua onde fica é a mesma onde o meu avô materno tinha o seu consultório, mesmo por cima da Pastelaria Briosa [deu para recordar algumas das poucas memórias de infância que tenho de Coimbra].
Libertos do peso das mochilas, rumámos até à Sé Velha (igreja onde os meus pais se casaram), começando o percurso pelo passando pelo Arco de Almedina, subindo as sinuosas escadas do Quebra Costas, com os seus diferentes recantos e espaços dedicados ao fado. Na Sé Velha visitámos a igreja principal e os claustros, cujo acesso tem um custo de 2,50€ por pessoa.


Continuámos a subir rumo à Universidade e como era hora de almoço a opção foi almoçar na cantina da Faculdade de Matemática. Deu para sentir o verdadeiro e autêntico espírito universitário!
Em seguida visitámos a zona mais nobre da Universidade de Coimbra - passando pela Porta Férrea, o Páteo e Paço das Escolas, a Prisão Académica, a Biblioteca Joanina, a Capela de São Miguel, a Via Latina e a Torre da Universidade (infelizmente, esta última estava encerrada e não foi possível subir).
Para esta visita é necessário comprar bilhete (adulto 12€ e crianças 13-18 anos 6€), que permite ainda o acesso ao Museu da Ciência e ao Laboratório Chimico.
Todos os edifícios merecem um visita, não apenas pelo valor histórico e patrimonial, mas também para compreender a importância que a Universidade de Coimbra tem para o país e seu valor social e cultural. É imperdível a vista da cidade e do rio Mondego a partir do Páteo das Escolas!
Uma nota: a visita à Biblioteca Joanina, com uma duração de 20 minutos e onde não é permitido tirar fotos, tem que ser com hora marcada e há um número máximo de visitas por dia. Tivemos sorte e conseguimos visitar. É linda!
Nas imediações da Universidade de Coimbra, tivemos a oportunidade de visitar a Sé Nova e, para terminar o dia, ainda fomos até ao Jardim Botânico, ladeado pelos Arcos do Jardim e as Repúblicas de Estudantes. Um espaço bem conservado e cuidado e que vale muito a pena a visita!


Dia 2
Antes de partir para o próximo destino, tínhamos ainda uma manhã em Coimbra. Começamos o dia no tradicional Café A Brasileira, caminhamos pelas ruas da baixa de Coimbra, terminando na Igreja de Santa Cruz. Dos locais escolhidos para visitar, ainda nos faltava o Museu Nacional de Machado de Castro e esta foi a nossa opção para explorar no tempo que nos restava. O espólio deste museu é vastíssimo e muito interessante do ponto de vista arqueológico e histórico - visitámos as fundações da cidade, no tempo dos romanos. Não conhecíamos e valeu muito a pena. Adquirimos no local um bilhete família, no valor de 9€.
De regresso à Estação, ainda uma curta caminhada junto à margem do Rio Mondego, ficando a vontade de voltar e descobrir tudo o que de interessante a cidade de Coimbra tem para oferecer.


Uma curta viagem de Intercidades rumo à segunda paragem desta viagem: Porto.
A chegada à Estação de São Bento é por si só um acontecimento. A beleza da arquitetura, do vai-e-vem dos passageiros e as histórias que os painéis de azulejo contam, conferem-lhe o estatuto de ponto de interesse turístico.
Como chegámos ao início da tarde, aproveitámos para ir logo para o alojamento para estes dois dias libertar as bagagens. A Porto Sé Guest House foi escolhida pela sua localização estratégica -  a dez minutos a pé da Estação de São Bento, numa rua nas traseiras da Sé do Porto e próximo de tudo o que queríamos visitar - com um "cheirinho" de habitante local, numa rua de um bairro típico portuense.
Há dois anos tínhamos feito uma primeira viagem para conhecer o Porto, por isso o objetivo agora era visitar locais específicos que não tínhamos conseguido ir nessa altura.
Demos um saltinho ao Hard Club, antigo Mercado Ferreira Borges convertido numa sala de concertos, subimos a animada Rua das Flores, passámos pela Igreja de Santo Idelfonso, entrámos no Teatro Nacional de São João, regressámos em direção à Rua de Santa Catarina [com um pequeno desvio para ver o Coliseu do Porto], espreitámos o opulente Café Majestic e caminhámos até à Capela das Almas - com a sua deslumbrante fachada em azulejo. Com o Mercado do Bolhão em obras, descemos a Rua Formosa e apreciámos a tradicional mercearia Pérola do Bolhão (que viagem no tempo!), descemos até ao Teatro Municipal Rivoli e à Avenida dos Aliados, com o edifício da Câmara Municipal do Porto no topo.
Fomos brindados com um fantástico final do dia junto à Sé do Porto e do Paço Episcopal do Porto, com uma vista magnífica para a Ribeira e o Rio Douro.


Dia 3
Este dia prometia. E assim foi.
Começámos por visitar a Livraria Lello. O único local para o qual tínhamos comprado bilhete antecipadamente (no site e custa 5€, que na realidade é um voucher que pode ser descontado na aquisição de um livro: um bom negócio!). Esta livraria é mesmo imperdível. Não apenas pela sua arquitetura, decoração, antiguidade, pelo portfolio de livros disponíveis, mas também pela sua aura mágica, a sua luz, o convite a apreciar cada detalhe e cuidado de conservação. Apesar de existir uma limitação do número de pessoas no seu interior, é um espaço movimentado e pouco característico de uma livraria.
Como recordação desta visita (e destas férias) cada um escolheu o seu livro: a edição especial da Lello "O Principezinho", de Antoine de Saint-Exupéry [mãe], a edição especial da Lello "Mensagem", de Fernando Pessoa [miúdo] e "Oliver Twist - contado tipo aos jovens", de Charles Dickens [miúda]. Acho que foram boas escolhas!
Fizemos uma pequena paragem pelo Costa Coffee (que adoramos!) e, em seguida, visitámos a Igreja e a Torre dos Clérigos. Os bilhetes para esta visita custam 5€ e podem ser adquiridos no local e a subida à Torre é feita com hora marcada (de 30 em 30 minutos). A igreja é muito bonita e a visita é feita através das galerias e até das traseiras do altar, o que nos dá diferentes perspectivas. A subida à torre vale muito a pena pela vista sobre a cidade do Porto, mas não é aconselhada a pessoas com claustrofobia e vertigens [a miúda desistiu no primeiro patamar].
Demos ainda um salto até à praça onde fica a Fonte dos Leões (que inspiraram a J. K. Rowling, autora da saga Harry Potter), mesmo em frente à Reitoria da Universidade do Porto e próxima da Igreja do Carmo.


Depois de um pequeno percurso de metro - que implicou a compra do andante (0,60€) e a viagem (1,20€) -, o próximo destino foi a Rotunda da Boavista, onde avistamos a Casa da Música [e cuja visita ao interior ficou prometida para a próxima vez que viermos ao Porto].
Fizemos depois uma boa caminhada a pé até à Fundação de Serralves, onde explorámos o seu magnífico jardim. Para esta visita é necessário comprar bilhete (10€ adulto e 5€ criança), que dá acesso ao jardim e ao museu.


Dia 4
Último dia no Porto, que começou com um passeio até à margem de Vila Nova de Gaia, atravessando a pé o travesseiro superior da Ponte D. Luís. Apreciar e contemplar a beleza das margens do Rio Douro, os seus contrastes e semelhanças, e ter a certeza que vamos voltar, pois ainda ficou muito por ver nesta cidade.


Rumo ao próximo e último destino desta viagem: Aveiro.
A viagem numa linha do Urbano é tão curta entre estas duas cidades, e o percurso tão bonito, que nem damos pelo tempo a passar.
Desta vez os motivos que nos fizeram ficar alojados na Baga de Sal Wine Guesthouse não foram nem a proximidade à Estação - apesar de serem apenas uns vinte minutos a pé -, nem o facto de estar na zona mais central da cidade. O que contou foi ser um alojamento com quartos triplos a preço acessível. Mas a escolha acabou por ser uma excelente surpresa - aliás como as outras opções em Coimbra e Porto - quer pela comodidade, quer pela simpatia dos proprietários, quer pela disponibilidade.
Aveiro foi uma estreia para os três. Um local a explorar de raiz em conjunto. Começámos com uma volta a pé de reconhecimento pela zona central da cidade, junto à ria. Localizámos pontos de interesse que tínhamos escolhido e que queríamos visitar. Tomámos as primeiras impressões desta cidade e programámos o dia seguinte.

Dia 5
Dia totalmente reservado a explorar Aveiro, incluindo um salto à Costa Nova e à Praia da Barra. Ambicioso, mas que reunia tudo o que queríamos (e ainda conseguimos incluir mais uma ou outra coisa!).
Depois de um pequeno almoço caseiro na Baga de Sal Wine Guesthouse - delicioso e num pátio interior ao ar livre! - iniciámos o nosso dia com um passeio em moliceiro pela Ria de Aveiro. Há vários operadores disponíveis, todos com valores idênticos (10€ por pessoa), e o passeio dura cerca de uma hora. É muito engraçado conhecer a cidade nesta perspectiva - até porque a história de Aveiro tem como ponto central a Ria, crescendo a partir dos seus canais. Passamos por alguns edifícios mais antigos - com a típica traça de Arte Nova -, pelo moderno Hotel Meliá Ria - que parece flutuar na água -, pelas antigas casas dos marnotos e pelas salinas (cuja visita ficou para uma próxima vinda a Aveiro), passando pelas diferentes pontes que unem os dois lados da Ria.
Antes de apanharmos o autocarro que nos levaria à Costa Nova, passámos rapidamente pela Igreja da Misericórdia de Aveiro e pelo Teatro Aveirense, nas proximidades da Câmara Municipal de Aveiro.


O trajeto de autocarro demora cerca de trinta minutos (cada bilhete custa 2,40€ e pode ser adquirido diretamente ao motorista) e a chegada à Costa Nova é como se entrássemos num conto de fadas, com as suas típicas casinhas às riscas, bem cuidadas e conservadas. O objectivo era ir a pé até à Praia da Barra, pelo que caminhamos primeiro pelo lado da ria e depois fizemos o restante trajeto pela praia.
O mar e a praia pediam que ficássemos por ali algum tempo e ainda fomos dar um passeio até ao pontão em frente ao Farol da Barra.
De regresso a Aveiro a meio da tarde, ainda tivemos tempo para colocar uma fita na Ponte da Amizade, junto ao Forum Aveiro, dar uma volta nas BUGAs - bicicletas gratuitas para passear por Aveiro -, e ainda experimentar a famosa Tripa de Aveiro [e eu recordei o sabor de uma Bolacha Americana].
Para além destas iguarias, recomendo experimentar os Ovos Moles de Aveiro e as Raivas, disponíveis em vários locais, e o Sal Marinho, extraído localmente e com muitas opções de sabores, aromas e cores (sal marinho com orégãos foi a nossa escolha!).
Ao fim da tarde apanhamos o Intercidades que nos trouxe de regresso à Estação do Oriente - Lisboa.


Last but not least: dicas para os preparativos de um Intrarrail
Antes de chegar o dia da partida, e como para qualquer viagem, fazer umas férias de comboio em Portugal carece de uma preparação prévia, de forma a retirar o melhor partido de cada local onde vamos passar e, simultaneamente, gerir o orçamento de forma mais eficaz.
E o primeiro passo foi tratar das viagens de comboio. Com uma antecedência de 60 dias é possível adquirir bilhetes com desconto. Tratei de tudo no site da CP de forma muito fácil. No geral, as viagens de ida e volta e entre as três cidades ficou em menos de 120€.
Os comboios cumpriram os horários e tudo se desenrolou como previsto. Fomos de carro até à Estação do Oriente, e os cinco dias de estacionamento tiveram um desconto na apresentação dos bilhetes de ida e volta, o que foi muito mais económico do que outras alternativas e prático (29,20€). Não é preciso qualquer reserva para este estacionamento.
Nos preparativos também é essencial tratar do alojamento. Tinha de ser perto das estações de comboios, preferencialmente na zona mais turística e próximo dos locais a conhecer e, acima de tudo, que acomodasse três pessoas. E conseguimos tudo isso através do Booking, onde a nossa opção desta vez foi alojamento local, muito típico e português.
Definimos ainda uma rota a realizar em cada cidade, com as principais atrações turísticas que queríamos conhecer, e comprei alguns bilhetes com antecedência (como a Livraria Lello, no Porto).
Neste intrarrail não podia descurar levar uma boa mochila - optámos por este modelo da Decathlon -, um livro para ler nas viagens de comboio mais longas e as máquinas fotográficas - a miúda começou agora a dar os primeiros clicks!

Umas férias diferentes que nos deixaram vontade de continuar a conhecer Portugal ao ritmo do comboio (e ao nosso ritmo). Umas férias ricas em experiências, a explorar três cidades que nos avivam as memórias e nos deixam marcas (positivas).
Partilhar estes cinco dias - 24/24 horas junto - com os miúdos foi sem dúvida o melhor de tudo. Conversas, projetos, sonhos. A aventura, a novidade e a descoberta em conjunto.
A repetir! Os próximos destinos já estão escolhidos...


Não sei andar de bicicleta ðŸš²

Comentários

  1. 3 cidades lindas e que vale a pena visitar pelos seus monumentos. A aventura pelo o comboio nunca fiz mas deve ser espetacular.
    Cumprimentos Os Piruças

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    Respostas
    1. Os monumentos, as pessoas, a gastronomia e muito mais. São três cidades fantásticas e às quais queremos regressar em breve.
      A viagem de comboio foi realmente original: permite usufruir do tempo de outra maneira e apreciar a paisagem. Têm de experimentar 😉

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