A liberdade de escrever entre aspas


Escrever entre aspas.
Sempre fui de evitar a utilização das aspas quando escrevo. Respeito a sua função na pontuação, como nas citações e transcrições, mas na escrita coloquial sempre fui um bocadinho contra.
Não gosto de escrever entre aspas. Vejo a escrita como um exercício de escolha das palavras certas para dizer o que penso e sinto, o que quero dizer.
Parece que é uma coisa de preguiçosos, de desistir à primeira adversidade, ir pelo caminho mais fácil. Parece que estamos com pressa e queremos é despachar o que estamos a escrever, sem pensar, sem cuidado. Parece que não estamos verdadeiramente presentes nas palavras que escrevemos.

Escrever entre aspas.
É uma fuga, um refúgio, quando não encontramos a palavra exata para dizer o que sentimos - porque pode ser entendida de forma errada ou ser demasiado forte e dura para quem a lê. As aspas podem ser uma almofada para o que queremos dizer, com o poder de suavizar o seu significado e retirar peso ao seu formato.
Ajuda a ser entendível quando fazemos dos outros as nossas palavras, quando reescrevemos o que os outros já sentiram. Um simples texto, a letra de uma música ou uma frase de alguém com um mérito reconhecido. É útil quando queremos escrever com duplo sentido, com ironia. Pode ser a centelha de confiança que nos faz falta para sermos nós próprios, como um filtro que nos protege e nos dá força para seguir em frente.

Escrever entre aspas.
Vejo-o como um intervalo. Uma pausa. Um momento para refletir.
Daqueles que todos precisamos.
Liberdade para que ninguém se sinta constrangido a escrever o que pensa, o que sente. Porque pôr em palavras o que somos por si só é um desafio que precisa de pausas suaves.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto Pexels]

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Portas de segurança

Viajar com adolescentes ✈ Destino Barcelona

Viajar com adolescentes ✈ Destino Paris

Do desamor ao amor-próprio

Viajar com adolescentes ✈ Destino Amesterdão