Felicidade com distância de segurança


Nunca a frase "dar valor ao que não temos" fez tanto sentido. 
O que sempre fez parte da nossa vida, como a liberdade de ir a todo o lado, o poder de escolher como e com quem queremos estar, como nos relacionamos e expressamos o nosso afeto, deixou agora de ser de "livre acesso". Gestos, atos e momentos que sempre pareceram como inalteráveis, são agora condicionados e vetados, dando a sensação de viver aprisionado. 

Esta nova realidade mexe com cada um de nós. Presos na nossa mais íntima vontade, no que era um hábito, uma rotina, uma aspiração. Limitados no toque, no sentir na pele, nas sensações que outrora eram calor, afeto e conforto.

Viver o presente nunca foi tão importante. Encontrar forma de saborear este novo tempo, recusando a frustração de não poder viver na plenitude da liberdade. Engolindo a tristeza da recordação do tempo em "que tudo podíamos", mas que desconhecíamos a felicidade de tantas pequenas coisas.

Dar valor ao que podemos fazer, encontrando subterfúgios para igualar o prazer de uma realidade passada. Dar valor aos pequenos gestos, aos momentos com outras condicionantes, aos planos que ainda conseguimos fazer e que queremos concretizar. Dar valor a criar e a usufruir do que realmente gostamos, sem fretes e sem perder tempo com distrações adversas. 

Um exercício complexo, com altos e baixos, com frustração, com esperança, com resiliência e paciência. Uma tarefa árdua, que nem sempre temos a energia para suportar, e que vai deixando marcas. Um caminho de avanços e recuos, mas que urge seguir à velocidade que seja possível.

Como sempre, temos de procurar a felicidade. Retomar o ritual de colocar um sorriso na cara, nos olhos, na voz e valorizar cada momento. Em que temos a oportunidade de viver e de fazer a diferença, em nós e nos outros. Mesmo que guardemos uma distância de segurança.


Não sei andar de bicicleta 🚲
[foto VisualHunt]

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